terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sábado, 23h11

Há semanas que não escrevo. Falta de inspiração? Talvez.

Mas sobretudo falta de tempo. O trabalho e a rotina têm o dom de roubar as ideias e transforma-las em vazio. O dia-a-dia afasta-me cada vez mais das revoluções reais ou ficcionadas. E no entanto em torno de mim elas continuam a existir. A realidade a e a imaginação têm a sua vida e, cada vez mais, vivem sem mim.
Não me importo. Nunca me considerei escritor, sempre fui acima de tudo leitor. Leitor, invasor e pirata, saqueador da imaginação alheia, roubando e aproveitando o que me convêm. E sou-o com orgulho, porque viver sem ler é estar limitado a uma vida e a um lugar. Sem ler, nunca teria saído de Lisboa. Através dos livros já viagem a todas as províncias do nosso Império, o bairro das Fontainhas em Goa é-me tão próximo e conhecido como a Madragoa.
Gosto de alguns livros que preencho com a minha imaginação, outros preenchem-me a vida e não consigo fugir deles mesmo quando os fecho. Como as mulheres. Por isso é apropriado que este texto seja uma declaração de amor.

Hoje sento-me numa das mesas do Martinho da Arcada. Falando de livros e escritores, ao balcão está aquele poeta que tanto tem sido falado. Bêbado, como costume.


J.F.

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