Bristol Club. 5 de Maio 1927
O Bristol Club começa a ter freguesia. Os que passam por cá, ficam apaixonados; os que não passam... Quem se importa com eles? Provavelmente nem as mulheres deles. Andam perdidos por ruelas a cambalearem com a bebedeira, sentindo pena deles próprios.
Por falar em bêbados, quanto a Sir Gainsworth, levei-o à Micaela para ela o animar. Pelo menos aumentou-lhe o ego e pareceu-me muito melhor. É a segunda noite seguida que não tresanda ao álcool barato e apenas sai daqui embriagado de tantas emoções.
Adelaide, a mulher do Afonso pediu para me falar em particular. O assunto era sério e desloquei-me à salinha das traseiras com ela cabisbaixa seguindo os meus passos. É uma senhora muito educada, conservadora q.b. com um vestido, abaixo dos joelhos, com poucos adornos. "O meu Afonso tem aparecido em casa, sabe... hum... tarde. Sinto falta dele, e com ele tão ocupado... poderia, como dizer... talvez deixa-lo sair mais cedo, se fosse possível, claro. Só às vezes! Para tê-lo em casa...". Vi o quanto lhe estava a custar ter aquela conversa e vi as palavras que lhe soavam na cabeça ensurdecendo-a constantemente: Uma mulher, a pedir a presença do marido; onde já se viu; que vergonha. Como eu a compreendia.
O quanto queria eu ter a presença do Rui quando ele passava noites em casas alheias.
O quanto queria eu ter a presença do Rui quando ele passava noites em casas alheias.
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