terça-feira, 25 de agosto de 2009

Quarta-feira, 17h30


Olho para o relógio. Neste instante passam 31 segundos das cinco e meia. Peço desculpa, 32. Ou melhor, 33…34…35…desisto…

Este pequeno exercício é uma mera metáfora para a forma como tenho passado estes últimos meses da minha vida. Um sentimento de urgência associado a uma profunda inércia nunca poderia dar bom resultado. Assim paro por momentos a observar como o tempo passa rapidamente e admiro a minha total incapacidade de me decidir a agir. A cada momento feliz segue-se inexoravelmente a melancolia. Mas confesso que me é impossível explicar o porquê. Porque estou infeliz agora? Porque que estava tão feliz há poucos dias?
Sinto que preciso de fazer algo da minha vida, mas não sei o quê. Por isso escrevo. Por isso deixo passar as horas enquanto bebo mais um whisky.
E, como o Bristol não tem hora de fechar, tenho saído tão tarde, ou tão cedo, que a caminho de casa, oiço as varinas gritando os seus pregões enquanto sobem as velhas ruas da cidade.


J.F.


Sexta-feira, 12:55

Os olhos de quem se ama nunca se vêem, capitulo VI

Enquanto acabo de almoçar ainda me é difícil digerir os acontecimentos desta madrugada. Sem querer estou cada vez mais a envolver-me numa história complicada e sem regresso aparente. Polícia, opositores, conspirações…tudo isto por uma rapariga. Será que vale o risco de seguir este caminho? Pergunta retórica… não tenho escolha, deixei de a ter desde que vi a cor daqueles olhos.
Tenho que continuar à procura, aquele barman deve saber alguma coisa. Tenho que o convencer a falar antes que a polícia o faça. Mas não hoje. Acho que é melhor manter-me afastado do Bristol por uns dias. Deixar as coisas acalmar.

Por agora, limito-me a pedir um café e a conta.
Relatado por Joszef

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