quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Sábado, 00h15

Bristol Club ao som do fox-trot.

Toda a gente parece alegre. Enquanto uns dançam, outros bebem e conversam com as suas mulheres ou amantes e outros ainda, sem companhia melhor, conversam consigo próprios.
Junto ao balcão, onde peço um whisky, Miss L ouve as histórias tristes do costume. Vidas perdidas, empregos entediantes, esposas insatisfeitas e amantes que pesam na carteira. Enquanto bebo sorrio e penso que já estive neste mesmo lugar a dizer estas mesmas coisas. Às vezes é bom ser ouvido…

Mas não hoje. Hoje joga-se bridge na mesa do canto. A menina M., filha do embaixador inglês, trouxe dois conhecidos e temos passado as horas entre partidas. M. é a minha parceira e nunca tinha perdido tanto na vida. Jovem e ambiciosa seria uma bela femme fatale, se não fosse tão imatura.
Ao fim de 3 whiskies não consigo recordar os nomes dos seus amigos. Apenas sei que se trata de um funcionário da embaixada, burocrata apagado, e de um oficial em licença do exército britânico, frio e fleumático como se exige de um gentleman.

Inicia-se o leilão. M aposta 10 vazas, trunfo copas. Mais uma derrota.

O oficial inglês gaba-se dos seus feitos nas campanhas africanas da última guerra. Enquanto me cabe o lugar do morto abstraio-me da conversa e penso na minha infrutífera investigação. Ao fim de uma semana a percorrer redacções, registos militares e bibliotecas, continuo sem saber quem é o Major Lobo d’África.

-And I met one Lopo de Afrrrica, that was is name. Crazy portuguese officer he was, killing germans for fun in Mozambique. The scariest bastard I’ve ever met, if you excuse my language miss.

Esta conversa voltou a interessar-me. Parece que ainda há dias de sorte…

Relatado por Joszef

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